CONCURSO CENTRO ADMINISTRATIVO DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
INÍCIO DO PROJETO
2024
2024
CONCLUSÃO DA OBRA
370299
M² CONSTRUÍDOS
Local: Centro, São Paulo - SP
Data do concurso: 2024
Área total da obra: 370.299 m²
Autor do Projeto: Monica Drucker
Coautores e colaboradores: Ruben Otero, Pablo Frontini, Jorge Gambini, Martha Kohen, Pedro Trama, Matheus Alves, Bruna Bonfim, Roberto Dos Santos, Nina Akl, Nicole Milko, Andrés Capurro, Bruna dos Santos, Gustavo Fuentes, Frederico Bresque e Milena Mercado
Consultor de Sistemas Estruturais: Pedro Telecki
A iniciativa do reposicionamento da sede administrativa do governo do Estado de São Paulo mostra-se fundamental para que o amplo acesso às entidades governamentais/órgãos públicos/órgãos governamentais seja garantido à população. Projetar é materializar o futuro a partir do presente, mas sempre dialogando com as expectativas desse mesmo futuro diante das questões herdadas de nosso passado compartilhado. O fluxo contínuo de ideias e desejos demanda e repousa no debate através das crenças da coletividade em um espaço aberto, democrático e complexo. A compreensão das dinâmicas da urbanização da cidade de São Paulo revela que, ao longo de sua história, o centro governamental da cidade seguiu quase organicamente o centro financeiro, excluindo e alienando a sociedade civil de sua própria política.
O isolamento da cidade sobre si reflete-se na consolidação dos quarteirões que hoje ordenam-se como fronteiras e não limiares intercambiáveis. A real integração entre cidade e quadra consiste na reformulação da nossa ideia de vivenciar o espaço urbano. A multiplicação das superfícies de contato entre as edificações e a esfera pública é o que possibilita a reinterpretação do miolo de quadra, transformando o resíduo de loteamentos incongruentes em espaços densamente arborizados que se conectam expressamente com as ruas, almejando um centro de cidade mais seguro, ventilado e iluminado. Além disso, as quadras-praças criadas em nosso projeto vinculam-se como expansão e determinação do novo parque que está sendo criado. O projeto é o parque e o parque é o projeto.
A proposta pondera a forma como São Paulo constituiu sua zona central, entretanto, como elucidado previamente, a partir de suas próprias aspirações de futuro, demarca e faz uma interlocução com o contexto estabelecido. O respeito demonstra-se pelo o dimensionamento das novas estruturas com os casarões da Alameda Glete ou com o conjunto habitacional recém erguido da Alameda Barão de Piracicaba, sem sobrepujar ou esconder a cota de altura que eles delimitam; o mesmo acontece na Quadra 52, onde o edifício administrativo entrelaça-se com as reminiscências para manter os limites da quadra.
Os edifícios são tipificados com dois elementos essenciais: uma solução estrutural que permita a máxima flexibilidade de usos e subdivisões dos espaços de trabalho; e uma configuração de fachada modular com elementos que filtrem a luz solar e preservem uma relação interior-exterior que minimizem a necessidade de climatização artificial. A concepção estrutural estipula uma malha de 9,30m por 9,80m, que dinamiza a ocupação do tipo, tendo um núcleo rígido de circulação vertical, dispondo poucos pilares nas áreas centrais dos pisos e realocando-os nas extremidades dos blocos. A implantação dos edifícios gera dois azimutes principais, de 35,2° e 215,2°, dividindo-os em dois grupos de fachada, um que recebe o sol matutino e outro que recebe o vespertino. Assim, com uma única a solução para as fachadas, criou-se uma passarela de manutenção, recuando a frente do edifício e posiciona-se uma chapa metálica que impede a incidência direta da luz solar, independentemente de onde a janela em questão se localize, possibilitando conforto térmico e valorizando as vistas
Por fim, o edifício da Quadra 34 representa o cerne simbólico da proposta: o centro administrativo com a nova residência do governador no centro da cidade evoca uma nova perspectiva de centralidade. Ergue-se um novo farol no mar cintilante em que a cidade se transforma ao anoitecer. O bloco emerge de um embasamento com jardins que se irradiam do parque ao pátio interno e sobem até a cobertura. Cria-se um novo referencial no centro de São Paulo, conectando-se com os outros edifícios icônicos que permeiam o imaginário social da região, e a torre se consolida como um referente imagético e conceitual de um novo centro.